Artigo Publicado na “Revista da Indústria”, FIESP, nº 153, setembro, 2009
Emanações da noite infinita e silenciosa mesclam-se ao dia e o diálogo torna único este sitio no qual nunca sabemos se estamos regidos pela lua ou pelo sol. É como se a fabulação do sonho permanecesse vívida, as sombras iluminadas e a luz rebaixada. Lugar de fronteiras borradas, do qual escutamos uma voz a nos dizer que a vida é névoa, fluídica, águas vagantes, povoada, aqui e ali, por súbitas imagens aclaradas e pressentidas. Recortes da incerteza. Fragmentos de vestes que um dia teriam servido à Deusa, manto a nos proteger da frialdade desta hora. Liana Timm tem esta rara capacidade, a de registrar o momento em que o sonho noturno torna-se um com a arte do dia.
A artista Liana Timm trabalha com recortes eletrônicos, produz módulos e os compõe em painéis de imagens cada vez mais complexas. É um processo que, se fosse num atelier tradicional, chamaríamos de colagem. Entretanto, o fundamento do seu estúdio é um computador e no lugar de pinceis ela utiliza leyers e esta junção de módulos só poderia ser chamada de colagem a partir do uso liberal da palavra. Compor galáxias a partir de módulos.
Existe a tendência de procurarmos a chave que abre o mistério destas imagens. Talvez ela não exista. É possível que elas somente possam ser contempladas e percebidas. A estabilidade das imagens, a sua integridade, é notável. Não há dúvida da intencionalidade da artista e de que estamos diante de uma obra em si mesmo.
Estranhas figuras e cenários. Elas estão fora do reino da fotografia. Não tem a veracidade, a perspectiva, a invenção, o caráter documental, a memória e a ambigüidade da saudade. Não podemos folhear o álbum de família. Elas não estão, também, no reino dos vivos. As figuras não remetem para a ação, e não lamentamos por elas: nenhuma empatia ou repulsa. Cenas estáticas e uma epiderme peculiar. Estamos diante de uma espécie desconhecida. Um fictício pesquisador descobriu estes seres abissais. Um portal que se abre para outro universo que - paradoxo- está entre nós. O enigma da iconografia de Liana Timm está na inserção do submerso e noturno ao território solar. Fronteiras da percepção. Cada contemplador é uma chave do mistério.
A artista Liana Timm trabalha com recortes eletrônicos, produz módulos e os compõe em painéis de imagens cada vez mais complexas. É um processo que, se fosse num atelier tradicional, chamaríamos de colagem. Entretanto, o fundamento do seu estúdio é um computador e no lugar de pinceis ela utiliza leyers e esta junção de módulos só poderia ser chamada de colagem a partir do uso liberal da palavra. Compor galáxias a partir de módulos.
Existe a tendência de procurarmos a chave que abre o mistério destas imagens. Talvez ela não exista. É possível que elas somente possam ser contempladas e percebidas. A estabilidade das imagens, a sua integridade, é notável. Não há dúvida da intencionalidade da artista e de que estamos diante de uma obra em si mesmo.
Estranhas figuras e cenários. Elas estão fora do reino da fotografia. Não tem a veracidade, a perspectiva, a invenção, o caráter documental, a memória e a ambigüidade da saudade. Não podemos folhear o álbum de família. Elas não estão, também, no reino dos vivos. As figuras não remetem para a ação, e não lamentamos por elas: nenhuma empatia ou repulsa. Cenas estáticas e uma epiderme peculiar. Estamos diante de uma espécie desconhecida. Um fictício pesquisador descobriu estes seres abissais. Um portal que se abre para outro universo que - paradoxo- está entre nós. O enigma da iconografia de Liana Timm está na inserção do submerso e noturno ao território solar. Fronteiras da percepção. Cada contemplador é uma chave do mistério.
Jacob Klintowitz